segunda-feira, 24 de março de 2014

A queda do dogma da taça de espumante


A algum tempo o uso da taça flute para vinhos espumantes tem sido questionado. Como em diversas áreas, existem sempre os mais convictos e apaixonados que defendem seus pontos de vista com unhas e dentes, o que gera discussões acaloradas entre os enófilos.

Depois de refletir e, principalmente, degustar, resolvi dar meu pitaco. Não quero convencer ninguém, nem pretendo entrar em debates. Essa é apenas a opinião de um apaixonado por vinhos, como muitos outros.

Sempre indiquei, em meus posts, o uso da taça flute para os espumantes, por 2 motivos principais, ou a intersecção entre eles. A possibilidade de se observar e apreciar o perlage, com uma quantidade tal de vinho na taça, que o consumo é mais rápido que o aquecimento excessivo da bebida.

Entretanto, a questão da deficiência da Flute no quesito olfativo nunca foi abordada. Até agora.

O design da taça Flute dificulta a analise olfativa de 2 maneiras: Primeiro pelo pequeno diâmetro da “boca” da taça, que faz com que o nariz não caiba em seu interior e que as moléculas de aroma se percam antes de atingi-lo. Depois pelo fato da quantidade servida fazer com que as bolhinhas de gás carbônico “estourem” muito próximo às narinas interferindo na analise.

Na minha humilde opinião, as características olfativas são essenciais para a melhor apreciação dos vinhos, sejam eles espumantes ou tranquilos, portanto uma taça que favoreça isso será, sem duvida, a minha escolha.

Tenho degustado meus espumantes em taça de vinho branco, e tenho sido muito feliz. Tenho alcançado muito mais prazer, principalmente nos espumantes de aroma mais complexo.

Não posso negar o caráter festivo dos espumantes e a beleza e até praticidade da taça Flute, mas convoco meus amigos enófilos a tentar taças diferentes. Certamente irão sentir diferença.



Saúde!!

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Degustação Beni di BATASIOLO

    Post atrasado mas não negado. Degustação de vinhos da vinícola Beni de Batasiolo da região do Piemonte na Itália. Realizada na semana passada na super agradável loja de vinhos Bacco´s em parceria com a Importadora Max Brands.

   A degustação foi conduzida pelo sommelier da vinícola, o Sr. Angelo Fornara, que por ter morado alguns anos no Brasil, desenvolveu muito bem o português. A apresentação foi muito completa e didática, apesar da eventual pouca paciência e por vezes rispidez do condutor.


   O primeiro vinho degustado foi o Roero Arneis DOCG 2009. Trata-se de um vinho varietal da uva Arneis, que eu não conhecia. Vinho bem fresco, com aromas de pêra e algo cítrico, com médio corpo e boa persistência e acidez. Acredito harmonizar muito bem com uma salada com queijo de cabra. Por ser 2009 apresentava leve oxidação, que me lembrou aromas tostados e de côco, mesmo sem o vinho passar por madeira.
   

Em seguida provamos um Barbera D´Alba DOC 2010. Vinho Simples, leve e frutado. Na boca apresenta um toque de baunilha no retrogosto. Este vinho foi colocado pelo Sr. Angelo como um bom companheiro para feijoada, devido aos seus 14% de álcool de grande acidez. Confesso que fiquei curioso de quero experimentar.
  

 O vinho seguinte foi o Barbaresco DOCG 2010. Considerei esse vinho um pouco injustiçado, pois foi consumido ainda jovem. A vantagem foram os aromas florais mais evidentes, mas os taninos ainda estavam marcados demais, apesar de finos. Vale comprar e guardar mais uns 4-5 anos.
  

O Gran Finale foi o Barolo DOCG Vigneto Corda Della Briccolina 2004. Esse sim prontíssimo para beber. Ainda muito vivo com ótima acidez, esse vinho foi puro encantamento. Um aroma inicial fechado, de flores secas com frutos maduros e especiarias. Encorpado e intenso, mas em total equilíbrio. Um vinho que prefiria beber meditando, mas que acompanharia muito bem carnes de sabor mais forte e ensopados intensos.


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Circuito Brasileiro de Degustação




Semana passada estive num evento muito bacana de vinhos Brasileiros. Trata-se do circuito brasileiro de degustação, que aconteceu junto ao Wine in, que discutiu os rumos da produção e consumo de vinho no Brasil.


A produção de vinhos no Brasil é um assunto que gera discuções acaloradas e que possui opiniões muito diversas, muitas vezes antagônicas.

Não sou perito no assunto, mas dou meus pitacos. Vejo a produção de vinhos no Brasil ainda iniciando uma trajetória. Vejo a busca por um terroir típico, por uma casta com resultados significativos, porém com resultados ainda muito distantes dos outros países do Novo Mundo, e principalmente do Velho.

Não acho que devamos desanimar ou desistir, mas sim aproveitar os milênios de conhecimentos disponíveis e tentar entregar produtos honestos. Digo honestos, pois acho difícil entregar produtos high end com uma tradição tão pequena. Acho que devemos brigar para entregar produtos bem feitos numa gama mais baixa, tentando desbancar os chilenos e argentinos industrializados e massificados.

Aqui vão os vinhos que me chamaram atenção na degustação. Não os classificarei dessa vez, pois nem todos tinham preço divulgado.
 





Espumante Sozo Brut Imagination
Luiz Argenta LA Brut Rosé
Dunamis Cabernet Franc
Quinta Don Bonifácio Habitat Pinot Noir
Pizzato DNA 99 Merlot
Aracuri Cabernet Sauvignon
Lidio Carraro Grande Vindima Quorum
Campos de Cima Tannat

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Colonia Las Lebres - Bonarda


Já tinha lido a respeito desse vinho no caderno paladar o estadão. Trata-se de um vinho da família Alto las Hormigas conhecida por tentar representar da melhor maneira possível os terroirs de seus vinhedos.

Para melhorar encontrei esse vinho para vender por R$ 26,00, e ele não estava estragado.

Fiquei bem animado quando, ao visitar o site da vinícola, descobri que a vinificação ocorre com leveduras selvagens!!

Tem uma cor bem fechada, porém trata-se de um vinho de médio corpo. Detectei cereja madura e menta. Vinho leve e equilibrado. Simples e honesto, com média persistência.

Funciona bem com comidas simples, como uma carne grelhada com chimichuri.

Se encontrar por menos de R$40,00 compre!!!


Saúde!!!

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

9.5 Cold Wine, Prosecco ?



    Essa semana fui gentilmente convidado pela Silvia Carnio da Max Brands para o lançamento de uma linha de Proseccos da Astoria na Cia do Whisky (www.ciawhisky.com.br) . Ao chegar, curioso que sou, fui logo investigar as garrafas. De cara me chamou a atenção a garrafa acima, por motivos óbvios, e em seguida percebi que nenhuma das garrafas tinha a inscrição da Denominação de Origem.

     Chegando em casa fui estudar um pouco melhor a DOC Prosecco para entender o que havia degustado. Esta é uma DOC recente (2009) criada para restringir o uso do nome “Prosecco”, deixando-o exclusivamente para os vinhos feitos com uvas de determinada região do Vêneto. Entretanto existia o fato da cepa utilizada se chamar Prosecco também. Para tanto o nome da casta foi alterado para Glera. Portanto, para poder estampar “Prosecco” no rótulo é preciso que o vinho tenha sido feito na região do Vêneto e com predominância de Glera. Esse tipo de legislação, entretanto, não garante a qualidade do produto, sendo sempre interessante se ter referências do produtor.

     Voltando aos vinhos degustados, constatei que eles, de fato não são Proseccos, pois, apesar de terem origem de vinhedos dentro da área delimitada, seu corte não apresenta a Glera como casta dominante. A Vinícola Astoria possui vasta linha de espumantes, inclusive contando com vários Proseccos, entretanto esses não faziam parte do evento.


     Na minha opinião o destaque da noite foi 9.5 Cold Wine. Além da bela garrafa, trata-se de um espumante de baixo teor alcoólico (9,5º) altamente refrescante e fácil de beber, que deve ser servido entre 2º e 3º e que, segundo a sommelière da Max Brands, visa o mercado das “baladas” e eventos. Esse espumante tem única vinificação onde o mosto em plena fermentação é levado a autoclave para adquirir espuma e repousa sobre as borras por 30-40 dias para ganhar complexidade.


Saúde!!! 




sexta-feira, 28 de junho de 2013

Fondue e Vinho




     Com o friozinho batendo em nossa porta, começa a temporada de comidas de inferno, e uma das mais emblemáticas é o Fondue. Mesmo sendo já bem conhecida de nós brasileiros, trata-se de um prato mal harmonizado, na maioria das vezes. É só ir a um restaurante que sirva foundue para ver gente tomando Malbecs e Cabernets Sauvignons ultra reserva, cheios de fruta e muita madeira com fondue de queijo.

     O fondue de queijo é um prato simples, e que, mesmo sendo gorduroso, não é tão pesado nem temperado. Diante deste cenário, e lembrando que o fondue leva vinho branco em sua composição, nada mais natural do que harmoniza-lo com vinho branco também. Entretanto não pode ser qualquer branco. Precisamos de um vinho que tenha corpo, para equivaler com o prato, e acidez para equilibrar com a gordura. Dito isso, excluímos da seleção os vinhos muito leves, frutados e aromáticos como os Sauvignon Blanc e Gewürztraminer. As melhores opções seriam os vinhos feitos da uva Chardonnay e Viognier sem grande envelhecimento em barrica de carvalho, pois isso reduziria a necessária acidez. A América do sul tem bons exemplares a um preço interessante. Caso você seja uma pessoa mais curiosa, poderia sugerir um Rioja Crianza feito com a casta Viura, ou um português do Alentejo feito com Antão Vaz. 

     Caso a preferência seja por vinhos tintos, procure sempre escolher aqueles menos encorpados, de taninos mais finos e boa acidez. Boas opções são Merlots Nacionais Jovens, Pinot Noirs, um exemplar do Rhône ou um Chianti de um bom produtor. 

     Se o menu incluir o fondue de carne, os tintos serão a única opção. Neste caso podemos usar vinhos um pouco mais encorpados, como os Chilenos e Argentinos que muito se vê por ai, entretanto ainda sugiro vinhos mais jovem, para que esse não se sobressaia a carne, evite portanto os Gran Reserva. 

     Mesmo se o bolso estiver muito recheado, não acho que os fondues sejam pratos que precisem de grande complexidade e elegância nos vinhos, portanto guarde um bom Bordeaux ou Borgonha para um melhor momento.

     Se ainda couber algo depois de tanta comilança e um fondue de chocolate for pedido, não vejo muita saída alem de um Porto Tawny ou até LBV, entretanto é bom lembrar que o chocolate amargo sempre harmoniza melhor.



Bom Apetite!!!